Archive for fevereiro \23\+00:00 2018

De que Lula é o nome?

fevereiro 23, 2018

Para ler sem olhar

(Com agradecimentos aos amigos Bernardo Jurema e Moysés Pinto Neto, que comentaram a primeira versão deste texto.)

Talvez eu devesse usar outro título, de estilo memético, seguindo a fórmula que já está virando clássica: “precisamos falar sobre…”. Mas, pensando bem, nosso problema passa longe da falta de falar sobre Lula. Ao contrário, parece que não se fala de outra coisa. E é bem esse o problema: sem perceber, fizemos do ex-presidente algo como um sumidouro para todas as nossas angústias políticas e sociais, a ponto de nos tornarmos incapazes, em todo o espectro político, de pensar o futuro do país e da sociedade sem que o ponto nodal seja o “sapo barbudo”. A fixação em Lula nos agita, mas nos paralisa: ficamos tremendo e rodando em círculos quando mais precisávamos estar em movimento, inventando caminhos e modos de enfrentar as demandas de um mundo que não vai esperar pela…

Ver o post original 9.166 mais palavras

Limiares e fugas: o que pode a cidade?

fevereiro 12, 2018

Revista Massaroca

por Danichi Hausen Mizoguchi[1]

Em uma cidade cabe muito: sonhos, utopias, destruição. Fuligem, fumaça, pedal. O breu, o cinza, a flor. Colos, coletivos, cóleras e coleiras. Ordem, progresso, amor. A noite, o dia, uma outra noite. Um beijo, um furto, muitos sustos. Sexo, sexos, sexualidades. Gêneros, genéricos, genocidas. Gays e lésbicas, simpatizante e homofóbicos. Dança, passos, passeios. Polícia e pirueta, balas e baleiros. Muros, grades e sumidouros. Bloco de carnaval, bloco de concreto, bloqueios de desejo. Planos, trapos. História, estórias, narrativas. Pontes, portas, navais e carcerários. Linhas, fluxos, fugas. Fronteiras e limiares. Tudo isso e muito mais. Mas – ainda que na cidade tanto caiba – resta a pergunta: o que pode a cidade?

***

De saída, faz-se necessário impingir direção ao problema – direção afirmativa de questão que se faz sob o disfarce de tantas negativas. Em primeiro lugar, a decisão de não efetivar o modo ontológico de…

Ver o post original 3.740 mais palavras