Da filosofia como modo superior de dar o cu ou Deleuze e a “homossexualidade molecular”.
Paul Beatriz Preciado.*
Só há uma sexualidade, a homossexual … Só há uma
sexualidade, a feminina.
Félix Guattari, 1979
A homossexua1idade é a verdade do amor.
Gilles Deleuze, 1964
A noção de “homossexualidade molecular” de Deleuze continua sendo um conceito periférico raramente analisado pelos comentaristas deleuzianos, apesar da posição estratégica que esta ocupa na estrutura de O Anti-Édipo e da frequência com a qual Deleuze e Guattari se afirmam “homossexuais moleculares” durante os anos setenta: “Somos heterossexuais estatisticamente ou molarmente, mas homossexuais pessoalmente, quer o saibamos ou não, e, por fim, transexuados elementarmente, molecularmente.”[1]
A “homossexualidade molecular”, ou local, materializada através de um coming-out que não se deixa reduzir nem à identidade nem à evidência das práticas, pertence indubitavelmente ao conjunto de traços com que Deleuze se apresenta como pessoa pública. A…
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